Tu ora oceano ora mar luzente és,
Tal e qual às múltiplas constelações suspensas no infinito, a enfeitar-te.
Igual não há sobre a terra sendo tu berço de vida e leito de morte, em ti - moradas mil.
Ao te admirar, invadem-me as lembranças...
Tu que umas quantas vezes o tomaste para ti,
Enquanto eu, ao abrigo da noite, sob a mansuetude lunar esperava calma que o devolvesses aos meus abraços concupiscentes.
Insensível aos meus desejos o retinhas em tuas entranhas mornas de verão.
Momentos de encantamento, em que eu imersa e queda na contemplação da mais íntima e travessa entrega, fui não mais que, um assíduo voyeur.
A observar a nudez do corpo amado exultante, mergulhado em ti sem dar-se conta da tua avidez sedutora, contigo, ondeava gaiato, e ambos se deixavam ver, sem cerimônia, em suas ousadias e vigor.
Neste aqui e agora, eu, numa estranheza espantosa a expiar-te.
Atrevidos por sobre ti, uns quantos, semelhantes a ele, como outrora jorras tu, fecundo de prazeres, mas, indiferente às entregas e insensível aos meus desejos.
Como antes, hoje, a mim me dá igual o encantamento que me causas. E, de modo sobejo se espraia a minha admiração por ti, nesse instante, é ela que me traz de volta às areias umectadas e ao tempero dos teus beijos.
Porém, neste sem luar a solidão e os ventos a mim me são cruéis açoites.
Tirita meu corpo e minha alma diante de tuas águas revoltas e congelantes, banzas a se arrebentar como a reclamar a ausência do luar – Assim me encontro.
E apenas te espreito neste presente.
Enquanto recorro às lembranças, uma brisa me recolhe às lágrimas que me caem sem vergonha ao ver a silhueta desnuda do meu amor sobre tuas ondas.
Porém, já não é... Senão plasmas da minha imaginação.
Também, eu deixei de ser... Por entre sonhos e realidade vagueio, entregue às mãos e comando da intuição, elo fiel, que conduz o devaneio e a razão. |