Tal qual andarilho vago pelas estações do tempo buscando-te!
No verão o sol e o mar lembram-me que vivi sonhos em uma realidade em que eu poetava a vida, onde estavas contido em cada estrofe dos meus versos, se com alguma não rimavas, usava de todas as licenças poéticas e cômodo em minhas inspirações te encaixava – Gratidão aos teus abraços ternos, onde segurança eu respirava.
Hoje sol, mar e verão com todos os seus encantos, entretanto, deixaram de ser estribilhos dos meus versos, já não se agregam às minhas canções, volveram-se em rimas sem alma – Já não rola! Soam apenas como refrão dos canais da televisão.
Quando então, o tempo e eu mudamos a sintonia nos indo aos jardins de outono, ali, em minhas reflexões por horas fico observando o quanto de folhas pelo chão, de todos os tamanhos e cores espalhadas ao sabor da própria sorte – Reconheço-me nalgumas delas..., sem rumo, sob intempérie, quase sem vida, vagando pelas estações, querendo te encontrar;
Nos tons do inverno, como o próprio tempo no seu declínio gradual, vibra bem pouco meu coração, sou só um nada num muito de lembranças – Sou ai, acúmulo de saudades,
Sob o céu nevoento precipitam-se minhas lágrimas, de imediato capturadas pela chuva - É a vida no exercício de suas funções – Penso!
E quanto mais penso e repenso - Pouco a pouco volto aos tempos das minhas alegrias onde eu cantava e sorria – Leve e fagueira correndo pelas valas inundadas do tempo;
Revitalizando, ainda que aos pouquinhos, minhas esperanças ao sopro do vento que balouça as acácias, que encrespa as ondas dos mares, e meus cabelos de morena, levando ou trazendo os aromas da primavera, predispondo-me ao próximo verão – Talvez, quem sabe...
Por enquanto, sou o agora – Um misto de cansaço e amor, buscando por ti nas estações do tempo – Quiçá acabe, também, por me encontrar, nalgum desses viés. |