Do inverno às lembranças frias e cinzentas,  
Que se guardam, inibidas diante do fulgor dos tempos de agora! 
  
Num espetáculo singular:  
Casulos deixados e borboletas a voar, 
Gorjeiam os sabiás por estas bandas de cá; 
Segredam os amantes e exala-se o amor; 
Enquanto clareiras verdejam! 
 
Destacam-se, as barrigudas de longe, as vejo,  
Uma pós outra, cobertas com suas róseas flores;  
Entretanto,os jacarandás não poupam as pompas, enfeitam-se, 
E a vida, entre seus muitos cheiros, se vê multicor! 
 
Torna-se tudo vulnerável aos encantos da primavera; 
Serenam os lagos, os ventos e até as saudades...,  
Diante do espetáculo milenar da vida a se renovar, 
Quão esperado é o verão...! 
 
E bem pronto se fará carnaval nalguns nos corações, 
Mandando a tristeza ir embora sem chorinho ou fitas amarelas!  
 
É a vida, é a vida... 
Embora de vagar e de vagarinho, se vai, levando, 
Ultrapassando-se as estações, sem se ter comido ou ouvido falar... 
 
Gritando-se ao mundo que, louco em quem assim me diz,  
Uma vez que não é feliz – Não é feliz! 
 
  
É a vida,  
Quando em vez, igual folha sem rumo, 
Ou chuva escorrendo nos ralos do tempo  
Com seus bocados de tristeza, 
Com anjos, demônios e arlequins... 
 
 
É a vida, é a vida..., 
Que se vai levando, 
Cantando, ou chorando,  
Sobretudo, vivendo! 
 
É desse modelo, 
E no sapatinho, meu mano, que se vai levando! 
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