Majestoso e cálido no máximo de luz vens te exteriorizando por entre nuvens rompendo o negro da noite, instaurando o dia.
Do meu terreiro, espreito-te!
Entre meus dedos uma caneca de fumegante café com o seu cheiro a se exalar pelos ares a confundir-se com o aroma do quintal.
Assento-me, e sigo te espiando!
Enquanto te entranhas por entre as folhas que farfalham, radioso a fazer vibrar os recônditos orvalhados. Ludicamente vás despertando a vida.
Busco para junto de mim o bule, sirvo-me de mais café, observando os vapores que emergem da caneca rumo às nuvens. Trago a mescla de perfume que dulcifica o tempo, e que se mistura com os raios do sol, confundindo-me, juntamente com a cafeína, os meus sentidos. Um arrepio me faz encolher, e meus lábios se inclinam sorvendo mais um gole do forte café, que se faz agora mais temperado.
Deixo-me a tua companhia, espetacular!
Admirando-te o perpassar entre as arvores, bananeiras e jardins, fazendo luzir minhas roseiras e azaléias, esculpindo para mim, a imagem de minha saudade, trazendo-me, de volta as lembranças do ontem...
Um misto de calor e frio percorre-me o corpo, meus lábios, autômatos, se entreabrem e se impregnam de doce quentura, ao tempo que e àquele sabor, num tato familiar, enche minha boca, extasiando-me.
A caneca me cai das mãos, se esmigalhando ao solo, rompendo de todo o que me era maravilhoso!
De resto uma lágrima me corre pela face rubra, pelo acariciar do sol, cheirando a café!
Não obstante, me desperta para vida, a voz de um rouxinol, que retira do brilho de cada amanhecer o colorido das rimas do seu canto.
Em recolhidos os cacos, entre um gole e outro de café ao sabor do sol, o dispersar de muitas lembranças e o degustar de outras perspectivas em acolhimento as novas expressões da vida.
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