Quero colo,
Nele repousar com antes,
Refugiar-me por alguns instantes,
Nesse aconchego, feito criança, me aninhar!
Porquanto tudo se tornou frio a minha volta.
Nestes instantes sou incapaz de te perceber
Já não te vejo, não te sinto e não te ouço a me falar.
Tornar-te para mim um mistério!
Impossível vislumbrar a dimensão a onde estás.
Só o silêncio a cantar para me acompanhar.
Enquanto a solidão me traz o desejo de colo.
Na quietude do regaço quero me abandonar,
E o pensamento simplesmente deixar vagar;
No sossego espiar o ajuntar das nuvens que parecem se acariciar;
Refazer a esperança de que além horizonte tudo seja mais bonito.
Quando me vir toda a calma quero, ainda aí, imaginar a corrida dos rios até o mar;
Observar as flores que miram o azul do céu infinito;
Esquecer a saudade, a que sinto de ti, confesso, e me faz chorar, querendo colo, como quando menina, ser acariciada e nele me agasalhar.
Assim, outra vez, ouvir histórias que fazem se dissolvam as tristezas
Ensinando que, ainda que, as nuvens escuras ocultem as estrelas,
Em noites claras, como nas noites de luar, elas voltam a brilhar;
Igualmente às roseiras necessitam de cultivo para florear,
À falta de quem lhe cultive vive acanhado, o amor;
Porém, amor que é amor nunca morre...
E não é eterna, embora pareça a maior, entre todas, a dor!
Quero colo
Até me passe a tristeza, que me volte a alegria, o calor...
Até que a Vida volte me contemplar! |