Pai, afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
(Chico Buarque / Gilberto Gil)
Aterroriza-me, Pai, a morte soturna, num dissimulo diário, e espreitante.
Repousando, ela, cerca de mim submete-me ao pavor constante os seus ruídos apavorantes, que me cortam os sonhos me trazendo a realidade asfixiante. Engolfando-me os sentidos neste mar estanque, de medos.
Medo até da vida que se encontra aos meus olhos espavoridos semelhante à própria morte – Marchando ambas, em invólucros rotos.
Em minudente observação, vejo-me, tal qual aos andrajos humanos ao pé de mim.
Apavorando-me estas horas, da vida que seguem agora sob o compasso da morte.
Afasta de mim essa bebida amarga que me embriaga a razão, pois já não me dou conta, nem sei se estou vivo ou morto.
Sinto-me só, e tenho medo, Pai, acerca-te de mim!
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