Mariano moço tímido, criado toda vida no interior, resolveu ir até a capital, caso gostasse da cidade grande, quem sabe poderia lá se estabelecer.
Igual a todo interiorano que vai passar alguns dias nas casas dos parentes da cidade, junto aos seus familiares com muito gosto arrumou dentro de um balaio tudo que pensavam ser de bom grado levar para presentear a parentela: sobre o meio paneiro de farinha iam: uma galinha do pesco pelado, já preparada para ser comida no almoço ou no jantar, seis rapaduras, alguns ovos, uma talhada grande de jerimum, um litro de manteiga outro de coalhada, do leite da malhadinha, e mais um de leite puro colhido naquela madrugada, pouquinho antes da partida do ferry boat, uma ferradura gasta, encomenda da prima... O cofo estava pra lá de pesado.
Com o seu jeitão caipira Mariano desembarcou dez horas de viagem, depois. Tudo lhe causava muita admiração. Ele que nunca havia saído de sua vila ficou embasbacado com tanta gente indo e vindo. E com a quantidade de carros de lá pra cá e de cá pra lá, naquelas ruas estreitas. Toda àquela atitude de matuto, desde do seu desembarque no cais, chamou a atenção de uma certa criatura, que sorrateiramente o acompanhou pelas ruas, aproximando-se cada vez mais, sem que lhe fosse notada a presença.
O terminal de ônibus, do tipo integração, situava-se próximo ao porto e sempre estava abarrotado de gente. O moço ali quase entrou em pânico. Suando frio decidiu colocar o cofo, que conduzia sobre os ombros no chão.
Sem saber qual ônibus tomar o rapaz indaga para um ancião que lhe inspirou confiança sobre o ônibus e o endereço para o qual estava indo, com as informações recebidas se inclina para pegar a sua bagagem, o cofo.
Mas, qual!
A surpresa de ver o lugar vazio fez com que ele tivesse coragem para comentar sobre o furto com a pessoa que estava ao seu lado.
- Veja só moço eu deixei meu cofo aqui ao meu pé enquanto eu olhava um pouco todo esse movimento, e meu cofo sumiu!
- Pois é cara, aqui é assim bobeou dançou! Aqui a esperteza está por todos os lados, e é por isso rapaz que não deixo nenhum balaio dando sopa pelo chão.
Rindo-se a valer, lá se foi a esperteza com mais um cofo na cabeça. |