Com o passar dos dias Serelepe mostra-se mais e mais esperto e cheio de novidades.
Vem radicalizando ao fazer rapel nos puxadores do armário da cozinha e dos banheiros, além de escalonar a escada. Do seu cadeirão à mesa nem um minuto leva - Com um olhar muito faceiro de cima da mesa ou da escada ele grita:
- Mamãeeee... Olha mim!
A mamãe do Serelepe já deveria estar acostumada, mas, sempre se sobressalta com as travessuras da Sementinha de Gente, que está ficando muito levado.
Muito ativo Serelepe se desperta com os galos, e logo que se levanta, começa a sua rotina: corre daqui, sobe acolá, desce do triciclo, transforma o velotrol numa moto de policia, esconde atrás do sofá, vai até a saca, abre a geladeira... Ufa! Tudo isso e ele ainda nem tomou o seu café da manhã.
Da cozinha mamãe o chama.
- Serelepe! Venha lanchar.
- Serelepe...
Algum tempo depois a mamãe ouve uma voz risonha que vem de detrás do cortinado da janela do quarto. De todos os recantos da casa o quarto da mamãe é o preferido do Serelepe, lá é onde ele apronta das suas.
- Serelepe foi casa vovô...
Mamãe contesta.
- Mas, quem permitiu àquele serelepe ir tão cedo e sem tomar a mamadeira pra casa do vovô?
E a voz risonha novamente se apresenta.
- Foi Tatádio. (Tatádio é como o Serelepe chama a si próprio)
O dialogo prossegue por algum tempo, então, a mamãe vai até a cortina e arranca a criaturinha risonha lá detrás, com um sonoro:
– EU TE ACHEI...!
Outro dia, a mamãe, viu-se apreensiva com algumas coisas que estavam sumindo de seus lugares.
Procurando pela escova de escovar cabelos, no pote de escovas não a encontrou, abriu as gavetas do armário do banheiro e também lá não estava – Desistiu da procura, e terminou penteando os cabelos com um pente todo molenga e de dentes tortos.
No mesmo dia quando estava no fogão cozinhando uma bela macarronada, apoiou a colher-de-pau sobre a pia com a qual mexia o macarrão para que não se grudasse no fundo da panela e nem uns aos outros. Saiu da cozinha por alguns instantes, e para o seu espanto quando voltou a colher-de-pau havia sumido. A procurou na cozinha por inteiro e nada. Já que não achava pegou o garfão para mexer o macarrão.
Outra vez procurou por uma bolsinha de guardar seus pequenos cacarecos e também não a encontrou. E assim foi com o copo de canudinho do Tatádio e outros trecos...
Numa bela manhã quando mamãe providenciava todo o material de limpeza para fazer uma faxina na casa o Serelepe pegou o rodo e saiu correndo – Ninguém é capaz de adivinhar onde eles foram parar...
E logo uma voz risonha ecoou pela casa – Mamãeeeee, acha Tatádio!
Sorrateiramente lá se foi a mamãe atrás da voz risonha. Levantou muito de leve a cortina. E...
- EU TE ACHEI...!
O Serelepe que estava entretido levou um baita susto. Mas logo entendeu o que se passava e gargalhou.
Mamãe ficou feliz com o contentamento do filhote. E, se riu gostosamente de tão surpresa que ficou, pois no escondedouro do Serelepe ela pôde encontrar tudo o que estava sumido.
Começo a recolher os objetos e cada objeto recolhido pela mamãe o Serelepe protestava.
- Essa cova é inha, copo mio...
- Não, a colher de Nicolau, não mamãe! – A colher de Nicolau nos levará a uma outra historia...
A custo mamãe conseguiu recolher tudo que estava naquele escondedouro, digo atrás da cortina. Todos os objetos, e com a ajuda do Serelepe, foram então pára de volta nos seus devidos lugares.
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