Brincava o poeta com suas rimas. 
  
- Amor com o que rima? 
 
 Rimava-o com tudo, e, muito mais ainda, daquilo que se podia imaginar. 
  
Sobrevindo-lhe a solidão, rimava-a, com a escuridão. 
 
 – “Ainda assim a vi num lampejo” 
 
 Enquanto, latejava-lhe o coração, e, pela boca em desejo ardente querendo saltar. 
  
Mas, qual! 
 
Volvia-se numa só decepção ao perceber 
Que nada mais era que uma ilusão a sua frente a desfilar. 
Abatido o poeta se recolhe no negrume de um vazio, 
Plangente suas lágrimas a derramar. 
  
- Tristeza com que deve rimar? 
  
- Rima com o ser solitário a caminhar, 
  Em busca de novo albergue que lho propicie outros sonhos sonhar. 
 
Porém, nublados os olhos pelas lembranças e saudades.  
Na desesperança nada consegue o poeta mais vislumbrar. 
  
Deixa-se então, num estranho divagar.  
Ensimesmado vagueia. 
Suas rimas, seus sonhos e fantasias, 
Com ele, outra vez querendo de poesia brincar. 
  
Tange todos para longe! 
 
Exilando-se no mais recôndito do seu pensar. 
Escasso e sem mais saber poetar. 
  
Apaga-se a estrela! 
 
Fica tão somente o brilho dos seus versos 
Peças com as quais lhe aprazia brincar, 
Afugentando com graça suas mágoas, que lho faziam chorar.  |