Antes que eu morra! 
 
Levantar-me da beira dessa estrada 
Onde a poeira do passado impregnou-me de tristeza. 
Contudo, continua cheio de um estranho sentimento meu coração. 
Não lhe importando essa dor.  
Nem mesmo a solidão lhe impõe horror. 
Ignorando todos os sentidos teimando em seguir numa só direção... 
 
Nesse caminho de mão única que não leva adiante me encontro, 
A solidão e a dor me impedem de sorrir ou chorar, 
Semelhante a um espantalho que em meio a tanto 
Prossigo inerte e indiferente,  
Onde já se estão apagando os rastros que poderiam fazer voltar. 
Que horrível cárcere! 
 
Neste vazio somente ecoam ardentemente Saudades 
E o vento que murmura o teu nome ao meu ouvido. 
Vindo-me tua lembrança enlaço meus braços 
Ao redor de mim e imensa se faz a tua falta. 
Rezo, choro e lamento! 
 
Num instante me sinto envolvida em êxtase ouvindo 
O murmúrio do vento, suavemente, o teu nome a soletrar. 
Na melancolia do encanto toma-me a comoção e imagino-me 
Como uma nuvem sem norte a vagar 
Lançando-me novamente à grande busca. 
 
Atravessando todos os rumos guardando a esperança, 
De na próxima esquina, lá, contigo encontrar. 
Onde te encontras? 
Por que foges de mim?  
Entretanto, ouve-me, necessito urgente! 
 
Dizer-te que: 
Do meu amor no atinas, bem sei, a verdadeira extensão; 
A mim me faz falta a nostalgia das noites de céu estrelado; 
Reclama o meu espírito a luz do luar; 
Angustia-me a ausência do mar e som de suas ondas; 
Sonho com as carícias de uma suave brisa; 
E com o sol outra vez a me despertar. 
 
E, antes que, tudo isso, me aniquile para sempre quero, 
Dizer-te, ainda, o quanto és necessário ao meu coração. 
Que te quero cerca, mas por tudo... Devo deixar-te ir; 
Que ficarei te acompanhando apenas de longe e em silêncio. 
 
Ligada a um resto de esperança... 
Sentada à beira de uma estrada, por nome Saudade.  
Caminho que parece não ter fim.  
Deixando as brumas da tristeza e dor passar 
A fim de eu, também, poder seguir. 
Embora de passo em passo, porém, sem desistir do meu viver.  |